CONFLITO AGRÁRIO

Famílias do Vale Abençoado pedem ajuda para não ser despejada

Mais de 70 famílias moram na comunidade que atualmente vive sob pressão de uma liminar na qual exige que deixem a área em menos de 30 dias

O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Eduardo Botelho (PSB), atendeu um grupo de moradores da comunidade rural do Vale Abençoado, localizado na Serra de São Vicente, junto com o defensor público Air Praeiro.

Os moradores estão com uma ordem de despejo desde fevereiro e tem menos de 30 dias para ter que deixar a área e buscam o apoio do parlamentar para tentar reverter a situação que já dura anos. Eles estão na terra desde 1996 quando teriam sido convidados por Valdemir Caxeta a entrar na terra.

Nestes mais de 20 anos, a comunidade construiu suas casas, tratou a terra e atualmente vive da agricultura familiar. Ao longo deste período, estas famílias trabalharam em conjunto com a Prefeitura de Santo Antônio do Leverger, governo do Estado e governo Federal, estradas foram abertas, pontes construídas e a área demarcada e loteada.

A comunidade tem templos religiosos, energia elétrica, seção eleitoral, casas, currais, galpões aviários, represas, cerca de certames, pastagens e ainda contam com incentivo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

A presidente da Associação de Pequenos e Médios Produtores Rurais do Vale Abençoado, Eranil da Silva Souza, faz questão de reforçar que eles não são invasores e atualmente mais de 70 famílias moram no local.

Ela conta ainda que o grupo chegou a ganhar na justiça em primeira instância o direito à terra, porém, por falta de recursos para manter uma assessoria jurídica acabaram perdendo as outras ações.

O deputado Botelho prometeu agendar uma reunião com o governador Pedro Taques (PSDB) e com o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, para tentar resolver a situação sem que haja conflito. A presidente da Associação avaliou o encontro como positivo e agora aguarda uma resposta por parte do Estado.

Eranil relata que com apoio do defensor público Air Praeiro foram feitos os estudos da área, o estudo de georreferenciamento e com isso em 2014 o governo se manifestou pela desapropriação da área, embasado em parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE).

No fim do ano passado, a presidente disse ainda que contou com a entidade se reuniu com Paulo Taques e com o secretário da Casa Militar, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, porém, em fevereiro deste ano a viúva do proprietário da terra conseguiu uma liminar na justiça que determina a reintegração de posse.

Eranil explicou que as famílias não são invasoras, elas foram convidadas pelo proprietário da terra, que na época tentou valorizar a área para negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a venda da propriedade, porém, como a tentativa não foi bem sucedida ele impetrou na justiça uma ação de reintegração de posse para retirar as famílias.

Fotos: Maurício Barbant/ALMT